domingo, 16 de novembro de 2008

Eu fui Vermeer - Livro


Han van Meegeren (1889-1947), como acreditava e com pretendia, teria sido, certamente, um grande pintor, caso a arte moderna não tivesse questionado tudo, modificado tudo, atrapalhado tudo.

A técnica da pintura tradicional, o realismo, o figurativismo, a perspectiva, que van Meegeren dominara desde cedo como um mestre, de repente não tinham mais lugar. Van Meegeren não tinha mais lugar. Ou melhor: seu lugar era o passado.

Decidiu então, que seria um grande mestre do passado. E o foi tão bem que acabou por enganar literalmente todo mundo: dos maiores museus e marchands da Europa a Hermann Goering, o marechal do Reich.

Seus quadros eram tão próximos dos autênticos que certamente figurariam hoje no catálogo de Vermeer, caso o falsário não tivesse confessado tudo. E van Meegeren teria permanecido em silêncio não fosse uma trágica ironia do destino: tamanho foi o seu enriquecimento durante a guerra que, logo após o fim do conflito, ele acabou preso como colaborador dos nazistas. A única defesa possível era admitir que todos aqueles quadros, de fato eram de sua autoria, confissão em que o público se recusou a acreditar. O único recurso da corte foi exigir que van Meegeren, então, pintasse o último Vermeer diante de um júri.

Ótima leitura ! Neste livro o autor captura não só a vida desse artista, mas também todo o ambiente e o trabalho dos especialistas que identificam quadros falsos e perseguem seus criadores. A partir desse panorama o autor põe em questão todo o significado da pintura.

É livro para ler num fôlego só. “O porquê da falsificação é mais espinhoso do que o como. Para os críticos de arte, o falsário é o artista medíocre em busca de vingança; para a mídia, é um trapaceiro interessando unicamente em dinheiro; para o apologista, é igual aos mestres que forjou; para o público, muitas vezes é um herói popular”.

Já dizia Niccolo Machiavelli: Os homens são tão simplórios e cedem tão prontamente aos desejos do momento que quem trapaceia sempre encontra quem se deixe trapacear.
“Então o senhor agiu sem pensar em ganhos financeiros” perguntou o juiz.
Leia Eu fui Vermeer e saiba da resposta.

Autor: Frank Wynne
Editora: Companhia das Letras

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